Muitos empreendedores se deparam com um dilema ao dar os primeiros passos com suas empresas: Como definir seu pró-labore? Há quem opte por não definir um valor exato, efetuando retiradas conforme as sobras, o que não é uma medida recomendável por vários fatores. O ideal, de acordo com os especialistas, é determinar, já na confecção do contrato social, quem terá direito a receber o pró-labore, caso existam mais sócios. Conheça alguns aspectos importantes que devem ser levados em conta na escolha do método mais adequado para definir a remuneração dos administradores, sem colocar em risco a saúde financeira da empresa.

Diferenciando o pró-labore da distribuição de lucros

Para determinar adequadamente o valor do pró-labore, é importante conhecer sua conceituação, a fim de que não haja confusão com a distribuição de lucros. Como fica evidenciado pela tradução do termo latino, pró-labore significa "pelo trabalho", ou seja, a remuneração do sócio pelos serviços prestados à empresa. Seguindo à risca esse conceito, os sócios que não desempenham funções dentro da empresa não devem receber pró-labore (o que nem sempre ocorre, já que prevalece o que está previsto no contrato social). Tal cenário deixa clara a importância de definir claramente a função de cada um dos administradores na sociedade e de que forma ocorrerá a remuneração, podendo ser o caso de efetuar alterações no contrato social para corrigir eventuais problemas. 

Por sua vez, a distribuição de lucros e resultados ocorre em ciclos específicos, na maioria dos casos anuais ou semestrais. Após cumpridas todas as obrigações fiscais e pagos todos os custos e despesas, o que sobra é dividido entre os sócios, proporcionalmente à participação de cada um no capital social (neste caso, não se faz necessário que seja exercida atividade na empresa). Logicamente, se houver prejuízo durante o ciclo não haverá distribuição de dividendos. As empresas em crescimento, em muitos casos, não realizam a distribuição, optando por reinvestir o dinheiro no próprio negócio. 

Calculando o pró-labore sem comprometer as finanças

Uma vez compreendido o conceito de pró-labore, é o momento de chegar ao seu valor. Um cuidado necessário é com as contas da empresa. O valor da remuneração, ao ser definido, passa a fazer parte do grupo dos custos fixos, sofrendo incidência de Imposto de Renda e obrigatoriedade de recolhimentos à Previdência Social, o que pode abalar as finanças se não houver um planejamento adequado. Levando-se em conta que é preciso um certo tempo para a recuperação do montante investido, é recomendável prudência na hora de calcular o valor do pró-labore. 

Uma prática bastante difundida, especialmente nos casos em que há apenas um administrador, é basear o valor na média dos gastos pessoais mensais, apurada dentro de um determinado período. Após a cálculo, é importante avaliar os números da empresa a fim de garantir que o valor a ser retirado não comprometerá a continuidade dos negócios. 

Outra metodologia recomendada quando há mais sócios exercendo atividades dentro da empresa, é definir qual cargo caberá a cada sócio e pesquisar a média salarial do mercado para cada função, de acordo com o porte do negócio. O valor do pró-labore pode ser calculado com base desta média obtida, desde que considerado seu impacto financeiro. Esse método pode ser utilizado também nos casos em que há um único administrador.

Um fator que leva muitas pessoas a empreenderem e formarem suas próprias empresas é o poder de definir sua própria remuneração. É preciso ter cuidado para não comprometer o seu projeto ao não dar a devida atenção ao assunto. Defina o seu pró-labore e tenha um melhor controle sobre as finanças de sua empresa.